quinta-feira, janeiro 05, 2012

Eu devo...

Eu devo...

Eu devo aceitar inquestionavelmente
As ordens dos que estão acima de mim,
E dizem que sou igual a toda a gente
Será possível aceitar isso assim?

Tenho de aceitar isso assim claro,
Se quero ser alguém neste mundo
Ter uma vida de ser humano raro,
É coisa de de mendigo imundo

Eu devo consumir o que todos consomem
Para parecer melhor, para ser melhor,
Ser um modelo para todo o Homem
E se não gostar do que vejo em meu redor?

Se não gostar do vejo em meu redor
Sou um labrego com péssimo gosto,
Associam a mim matéria fecal e suor
A casa dos monstros é o meu posto;

Eu devo aceitar o que conta a História
Não questionar quando os ditos "factos",
Roçam no ridículo, ou então sou escória
Deixo os sábios com a sua sabedoria intactos...

Ou então sou humilhado pelo rebanho,
Eles são mais do que eu, que posso fazer?
Serei sempre o alienado e o estranho,
Que posso fazer? É calar e comer...

Eu devo aceitar que não posso criar
Isso é luxo dos que dizem que devo fazer,
Eu sou demasiado classe baixa para inventar
Podes não acreditar, mas vê para crer,

E se continuar a insistir em criar
Caio no mais profundo e negro oblívio.
Sem nunca sequer ter chegado a prosperar
Sobrevivendo insistência, devo respirar de alívio;

Mas se me perguntarem que acho que devo fazer,
Acho que devo agarrar num punhado de pedras
E atirá-las à cabeça dos que criaram as regras,
Haverão de saber essas gosmas o que é sofrer!

terça-feira, dezembro 27, 2011

Sonhado, rasgado, eliminado...

Sonhado, rasgado, eliminado...

Rasga-se o peito exibindo o coração e pulmões
Que nunca viram no meu tempo de vida a luz do sol
Rastejam os vermes das melancolias e depressões
Saltando para para fora de forma lenta e mole
Fugindo à mais pura e eterna das paixões

Mas sobrevivo de peito aberto sem esconder emoções
Como pode a vida negar a eterna felicidade
Afastando-se de um passado infantil feito de ilusões
Que morreram com a infância num acto de maldade
E rasguei a garganta gritando por todas as razões

Por todas as razões que me fizeram crescer
Perceber que tudo o que criei perdeu significado
Porque ao crescer abre-se a cortina dum monstruoso ser
Uma besta quimérica, um criminoso glorificado
Visto como o protector da sociedade destruindo-a por prazer...
Fazendo com que o sonho que ainda não tens já esteja eliminado!


Mas eu que fujo do oásis estou salvo...
Porque perto do aglomerado de ignorantes
Mais facilmente serei um alvo...

quinta-feira, dezembro 15, 2011

O Mundo Incompreendido

O Mundo Incompreendido

Na mais modesta e pura de todas as felicidades
Caminhando pelas sombras e pelo seu conforto,
Sinto o fervor de ter a maior das autenticidades
Prometendo nunca mais me fazer sentir um peso morto;

Acordo cada dia com o objectivo de estima e preservação
Por tudo aquilo, tu, que eu sempre quis encontrar,
Alguns diriam um chuto de heroína sem terminação
E mesmo sem saber como é, garanto que não consegue nem perto lá chegar;

Um paraíso onde os humanos mais estúpidos e decadentes
Não conseguem atingir com o seu pútrido abalo,
Aí cheguei, onde habitam os mais plenos momentos
Um cenário a roçar no utópico, a verdade eu falo;

E os Reis do Hedonismo continuarão a atirar,
O que dizem valor para as donas dos varões
Julgando que assim eternamente irão provar,
Este outro mundo incompreendido, mas são ilusões...

Este outro mundo incompreendido, o melhor e esquecido
Por poucos encontrado, tão perfeito e doce de encontrar,
Sempre absolutamente renegado, até pelo porco mais ferido
Sem perceber que é o prazer esporádico, que o está a matar;

Tão melhor acompanhado pela amada luz da minha vida
A contemplar entre trocas de carinho o maravilhoso luar,
Do que com uma voluptuosa de falsidade mostrenga 1000 vezes lida
Que nunca soube e dificilmente saberá o que é amar;

Passeio sorridente neste outro mundo incompreendido
Sempre sereno e indiferente para com os que não querem perceber,
Entre as nébulas de verdadeiros sorrisos, que me deixam derretido
Assim feliz na órbita da minha estrela, eu vou permanecer.

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Desenharam-me o caminho, tanto lhes devo

Desenharam-me o caminho, tanto lhes devo

Experimentei a queda que me pareceu eterna
Lambendo o pó do chão para tentar sobreviver,
Sangrando, inútil e esmagada cada perna
Só me fez recusar a sumbissão à morte e ver
Um paraíso tão longe tão perdido quanto eu,
Que a mesma devastação passou e não morreu;

Senti os pulmões apodrecer dentro de mim
A carne que me compõe toda ela um cancro,
O coração derretido batendo como no fim
Cada batimento uma lágrima que sangro;

Abençoado por usar o pretérito perfeito
2 almas deram-me o antídoto para o veneno,
O veneno da desilusão que me deixou desfeito
Arde o meu coração, como que banhado de benzeno,
De alegria, que como visão nocturna indica
Na mais escura noite, onde a minha plenitude fica!

terça-feira, novembro 29, 2011

Veneno da Realidade

Veneno da Realidade

O caminho de toda a carne tu segues!
A morrer, a enfraquecer e a apodrecer...
Numa vida, em que a felicidade persegues
Sem saber porque raio o estás fazer,

Copiando sensações que te aconselham
És iludido por um efémero prazer,
Objectos que ao teu espírito não se assemelham
Produtos de quem te ti não quer saber...

E vocês aí estão..,
"Na felicidade do gato e do cão"...

Na vossa plena degradante dança
Roçam-se no varão da imundície,
Rebeldes pretensiosos que como uma lança
Penetram a moral e o respeito,
Com egoísmo à superfície
Num falso e frágil leito,
Caminhando sem saber
Para a mais árida planície
Saberão um dia o que é sofrer!
Quando o veneno da realidade vos fizer doer!

quarta-feira, novembro 16, 2011

Não sou Nero...

Não sou Nero...

Sou Nero e o meu maior desejo é ver,
A minha cidade como se fosse uma vela
Reflectindo nos olhos do meu ser,
Uma chama furiosa, inspiradora e bela...

E durante um tempo de vida recorro à ameaça
Exibindo tal loucura que vos amedronta,
Tão cruel e lunática é a minha raça
Tão grande o meu poder que ninguém me confronta,

Mas eu Nero não sou... sou sim um típico mentiroso,
Que destrói esse futuro, que tu tão feliz traças
Um Imperador da era moderna, engravatado e asqueroso,
Bem-vindo ao mundo do controlo de massas!

E vejo-te temer a chama com pavor e desolação
Uma chama que ainda não foi largada, nem nunca o será,
É assim que te distraio da verdade da vida, e também da razão
Eu sou o Deus que não queres, e tão pouco te amará,
Que da tua fraqueza suga prazer, e de seguida em ti defecará!

Sou o maestro desta orquestra de crise bem ensaiada,
Que te apoquenta quando a mim me bem apraz
Enriqueço com a miséria da tua vida desvalorizada,
E consomes o que quero tão educado e voraz!

Não sou Nero... sou mais discreto...

sexta-feira, novembro 11, 2011

O Futuro é meu!

O Futuro é meu!

Decidir, o luxo dos aristocratas
Que comandam esta podre geração
Geração que aponta as decisões chatas
Mas desinteressados e sem motivação

Cai como a chuva a perspectiva
As gotas explodem no chão
Mais um como população "activa"
Os sonhos derramados, a desilusão

E a chuva parou mas as gotas caiem
Dos olhos dos que perderam o jogo
De cabeça em cinzas apenas saem
Do mundo, desvanecendo no fogo

Mas eu pego nas minhas lágrimas
Com um cálice de esperança
Ingerindo-as e conjurando rimas
"O futuro é meu!" o grito se lança

segunda-feira, outubro 31, 2011

Uma vida inteira morrendo... (Esperando a plenitude que há de vir)

Uma vida inteira morrendo... (Esperando a plenitude que há de vir)

Calado, calmo, sereno e morrendo...
Não quero ser o dono do universo,
Quero apenas chicotear o tempo
Por desejos inocentes um acto perverso;

Tal estátua clássica, contemplativo
Observo os segundos mórbidos a marchar,
Uma vida inteira com um medo primitivo
Que chegue a morte antes da plenitude encontrar;

Vagueio sozinho nas ruelas do narcisismo
Repouso estático num abrigo de modéstia,
Rangendo dentes nego com cólera o hedonismo
Vejo o sonho iluminar-me de uma réstia...

O tempo faz-me ver de longe tudo o que só o desejar alcança...
Não venham os Reis idiotas destruir-me isto tudo!
Já me rasgam alguns sonhos mas ainda tenho esperança...
E se arderem com a vida que quero, rancoroso, depressivo e mudo!

O suspirar acompanha-me quatro mãos cheias a cada dia...
Por meses gastos a morrer para ter o que eu sempre quis!
A orquestração malévola da sociedade me angustia...
Para o querer intenso de tanto querer ser feliz!



Germinam lágrimas ao imaginar ter o que quero na mão,
Não é chorar, é a não indiferença a que me submete ver perfeição...

segunda-feira, outubro 17, 2011

Ionização

Ionização

Preso na decomposição orgânica do nada
Em liberdade no vazio astronómico de tudo,
Ofuscado pelo brilho da sabedoria, essa espada
De que os miseráveis se defendem com ignorância, esse escudo;

Felizes aqueles que julgam ter as respostas
Convencidos de que nada mais há para ser sabido,
Tristes os que sabem que só têm amostras
De coisas que preferiam pensar não haver para ser conhecido;

Certezas ninguém as pode tomar por certas
Um oxímoro talvez mas talvez também sensato,
Uma geração informada com desinteressados alertas
Para a miséria que voa sobra nós, e eu intacto;

E eu intacto... relativamente vivo e são
Roboticamente comandado por quem tem o mundo,
Eles são o átomo e eu sou um electrão
E todos juntos moléculas instáveis
Formando um cancro neste planeta moribundo;

E não consigo compreender o meu lugar
Saltando de orbital em orbital,
Com a raiva e desejo de me querer ionizar
A crescer e contaminado pela a aceitação
De que sou apenas mais um comum mortal.

Mas sempre distante do núcleo,
Dos mutiladores do sonho.

sábado, outubro 08, 2011

Nestes dias defuntos...

Nestes dias defuntos...

Nestes dias defuntos
É só mais um passo que dou,
Por caminhos disjuntos
Questiono-me quem sou,
Sempre seguindo um trajecto
Que não é e nunca foi o meu,
Mas lamentos inúteis sou um objecto
De quem o mundo apodreceu;

Cegado por um indesejado clarão
O branco de todos os cenários,
O vazio dos dias nos calendários
Talvez melhores dias virão...

Nestes dias defuntos
É só mais um passo que dou,
Cabeça em complexos assuntos
Que disseram meus, mas quem eu sou?
Grito no poço do oblívio
Por um botão para avançar estes dias,
E suspirar de profundo alívio
Encontrar não mais agonias...

Preciso de um mapa para o labirinto
O labirinto da pura ilusão,
Mão de Deus que me esmaga o coração
É por isso que ainda vivo não minto...

É por isso que ainda estou perdido
É porque descobri a verdadeira saída,
Persigo a melodia para encontrar a minha vida
E decerto tirarei a bala que me deixou abatido,
Sorrindo para um astro que me guia
Para o teu sorriso que encontrarei um dia!

E até esse dia chegar,
Nébulas de sonho para contemplar.