quarta-feira, novembro 28, 2012

Miséria... Sem ti...

Está tudo morto entre nós
E os cadáveres caem ainda,
É vil este mundo atroz
E pisando vísceras a sós
Este terror aqui não finda;

Cheira a lágrimas nesta rua
Tantas que já se distingue o odor,
É a tristeza pintada nua
Em todo o corpo que não flutua
Para lá dos horizontes da dor;

Não há astro que ilumine este céu
Nesta noite de agonia e amargura,
Um quotidiano com fúnebre véu
Da cegueira da sorte eu sou um réu
Longe de ti sinto o bafejar da loucura...
Que me arrepia de morte, e a dor já perdura...

A cada aurora fraquejo tanto,
Desnutrido do teu encanto...

quinta-feira, novembro 22, 2012

Momentos de Fraqueza V: Poema que vale nada...

Olho para as minhas origens
Tudo está a morrer, tudo mudou,
Olho de tão alto que tenho vertigens
Eu não colho deste mundo aquilo que lhe dou;

Só não visto asas de anjo porque não são desta dimensão,
Vejo tantos corpos afogando-se orgulhosamente num mar de droga,
E vejo o destino atirando bóias em ouro na sua direcção
E eu mente sã corpo são, num mar de fogo a minha essência se afoga;

Arrasto comigo cadáveres neste percurso tão longínquo que é a vida
São os meus fantasmas do presente nada brilha neste corredor,
Neste rosto uma enorme história de dor e miséria pode ser lida
Enquanto eu estou preso numa locomoção horrenda afastado do meu amor...

E tudo parece negro à minha volta nestes momentos de fraqueza
Neste momentos em que encontro tudo menos descanso, nada tem valor,
Quase nada tem valor, porque a vontade de existir não é a realeza
A realeza é fechar os olhos e imaginar que está tudo bem porque quase nada tem valor...
Quase tudo vale nada, só tu vales tudo meu amor...
Até a minha própria vida...
Vales qualquer uma ferida...

sábado, novembro 17, 2012

Décima que Exalta o Medo da Morte

Lavra no aterro à procura de semear a glória
Espera que nasça e vegeta na miséria,
O suor na testa, uma felicidade ilusória
Morres como o nada que nasceste,
E fazendo face ao passado de forma séria
Conheces o pânico, o fantasma que colheste,
Um olho no Oceano Atlântico
Como tanto que não viste, nunca o cruzarás,
E quando o anjo da morte começar o seu cântico
Faz luto à vida que nunca retomarás.

quarta-feira, novembro 14, 2012

Sofisticar e Confundir: Momentos de Misantropia Tão Incontroláveis Que Me Florescem Nos Poros da Pele

Num contemplar da existência
Vejo largados ao mundo,
Uma massa de corpos sem qualquer essência
Que não exibem valor nem em um segundo,
Que na minha face mais cruel
Me fazem pensar que aqui estão a mais,
Mas porque a bondade é o meu verdadeiro papel
Digo apenas que são seres iguais,
Sem nada que os distinga
Um par esférico tão vazio,
Que parece que da ponta de uma seringa
Lhes deram o que balbucio
Ser o fim do sofrimento vitalício...

Pois as lamentações que esses parasitas cospem sobre um formulário
Não correspondem a uma vírgula da definição de dor no meu dicionário,
E assim que intersecto o seu hediondo e reles modo de olhar sobre a vida
Sinto asco perante tamanho hedonismo imundo e pergunto-me se lhes é merecida...

Dançam e divertem-se em varões barrados de matéria fecal
Olhos vazios apenas para localizar o mais barato prazer,
Há tantos bordéis à minha volta que o cheiro me faz mal
E no mais profundo e incontrolável âmago do meu ser...
Desejo-os ver sofrer...
Tal como Humanos que fazem valer a sua alma
Pois é naqueles que vêm apenas o seu desalmado deleite,
Que encontro tantas vezes o meu inferno
Que só é derrotado pelo meu amor eterno...


Sofisticada podridão, confundindo a bondade de certo coração...

sexta-feira, novembro 09, 2012

Momentos de Fraqueza IV: Devoção por Esperar

É o meu culto pagão
Só meu e monoteísta,
Baseia-se na força da paixão
Por uma Deusa que me conquista,
Quase que custa sangue
Na verdade dói mais até,
Mas não há sacrifício que me zangue
Nada destrói a minha fé,
A fé de que vou ser feliz um dia
E outono nem será metáfora para desolação,
Porque até na primavera a minha vida sem ti é vazia
E esperar que tu chegues é a minha devoção,
Devoção por desesperar
E alma a fraquejar,
Devoção por esperar
E ao meu trono irei chegar
Sem ninguém me desafiar,
O caminho em chamas valerá à pena
E à medida que piso este carvão incandescente,
Com memórias da tua pele pálida na minha pele morena,
Sonho que um dia poderei aproveitar o presente
Sem bradar aos céus para que os dias passem,
E aí estarei eu devoto pelos teus braços que me abraçem.

quarta-feira, novembro 07, 2012

Momentos de Fraqueza III: Versos de Cansaço

Parece que todos os dias morro um bocado
Numa aurora cuja melodia não soa tão desejada,
Por momentos respiro tranquilo na doçura do passado
Onde estivemos, mas logo perco-me outra vez na realidade...
Miserável no confronto com a face da verdade
Está longe a minha amada...
E o caos à minha volta é o cais em que a espero.
É o átrio em que desespero.

quinta-feira, novembro 01, 2012

Sofisticar e Confundir: Esses abutres...

Um olho no sonho
E outro na subsistência,
O sistema é medonho
A máquina a violência,
O espírito nos tortura
Dói-nos por dentro,
A lamentação já dura
Da periferia ao centro,
Todo a parte do ser
Arde com frustração,
Num planeta a morrer
Pela podre condição,
De viver assolado
Por falsas intenções,
Medidas de um Império amaldiçoado
Com sofisticadas confusões,
Sofisticadas e pomposas
Que simplesmente nos arruínam,
Com ordens grotescas e horrorosas,
Que na nossa inconsciência nos dominam
E na nossa miséria se alimentam,
Esses abutres com frases de encantar
Deixando-nos palavras que mesmo que não se entendam,
Homem algum jamais se atreveria a discordar!