quinta-feira, janeiro 05, 2012

Eu devo...

Eu devo...

Eu devo aceitar inquestionavelmente
As ordens dos que estão acima de mim,
E dizem que sou igual a toda a gente
Será possível aceitar isso assim?

Tenho de aceitar isso assim claro,
Se quero ser alguém neste mundo
Ter uma vida de ser humano raro,
É coisa de de mendigo imundo

Eu devo consumir o que todos consomem
Para parecer melhor, para ser melhor,
Ser um modelo para todo o Homem
E se não gostar do que vejo em meu redor?

Se não gostar do vejo em meu redor
Sou um labrego com péssimo gosto,
Associam a mim matéria fecal e suor
A casa dos monstros é o meu posto;

Eu devo aceitar o que conta a História
Não questionar quando os ditos "factos",
Roçam no ridículo, ou então sou escória
Deixo os sábios com a sua sabedoria intactos...

Ou então sou humilhado pelo rebanho,
Eles são mais do que eu, que posso fazer?
Serei sempre o alienado e o estranho,
Que posso fazer? É calar e comer...

Eu devo aceitar que não posso criar
Isso é luxo dos que dizem que devo fazer,
Eu sou demasiado classe baixa para inventar
Podes não acreditar, mas vê para crer,

E se continuar a insistir em criar
Caio no mais profundo e negro oblívio.
Sem nunca sequer ter chegado a prosperar
Sobrevivendo insistência, devo respirar de alívio;

Mas se me perguntarem que acho que devo fazer,
Acho que devo agarrar num punhado de pedras
E atirá-las à cabeça dos que criaram as regras,
Haverão de saber essas gosmas o que é sofrer!

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