sábado, novembro 17, 2012

Décima que Exalta o Medo da Morte

Lavra no aterro à procura de semear a glória
Espera que nasça e vegeta na miséria,
O suor na testa, uma felicidade ilusória
Morres como o nada que nasceste,
E fazendo face ao passado de forma séria
Conheces o pânico, o fantasma que colheste,
Um olho no Oceano Atlântico
Como tanto que não viste, nunca o cruzarás,
E quando o anjo da morte começar o seu cântico
Faz luto à vida que nunca retomarás.

quarta-feira, novembro 14, 2012

Sofisticar e Confundir: Momentos de Misantropia Tão Incontroláveis Que Me Florescem Nos Poros da Pele

Num contemplar da existência
Vejo largados ao mundo,
Uma massa de corpos sem qualquer essência
Que não exibem valor nem em um segundo,
Que na minha face mais cruel
Me fazem pensar que aqui estão a mais,
Mas porque a bondade é o meu verdadeiro papel
Digo apenas que são seres iguais,
Sem nada que os distinga
Um par esférico tão vazio,
Que parece que da ponta de uma seringa
Lhes deram o que balbucio
Ser o fim do sofrimento vitalício...

Pois as lamentações que esses parasitas cospem sobre um formulário
Não correspondem a uma vírgula da definição de dor no meu dicionário,
E assim que intersecto o seu hediondo e reles modo de olhar sobre a vida
Sinto asco perante tamanho hedonismo imundo e pergunto-me se lhes é merecida...

Dançam e divertem-se em varões barrados de matéria fecal
Olhos vazios apenas para localizar o mais barato prazer,
Há tantos bordéis à minha volta que o cheiro me faz mal
E no mais profundo e incontrolável âmago do meu ser...
Desejo-os ver sofrer...
Tal como Humanos que fazem valer a sua alma
Pois é naqueles que vêm apenas o seu desalmado deleite,
Que encontro tantas vezes o meu inferno
Que só é derrotado pelo meu amor eterno...


Sofisticada podridão, confundindo a bondade de certo coração...

sexta-feira, novembro 09, 2012

Momentos de Fraqueza IV: Devoção por Esperar

É o meu culto pagão
Só meu e monoteísta,
Baseia-se na força da paixão
Por uma Deusa que me conquista,
Quase que custa sangue
Na verdade dói mais até,
Mas não há sacrifício que me zangue
Nada destrói a minha fé,
A fé de que vou ser feliz um dia
E outono nem será metáfora para desolação,
Porque até na primavera a minha vida sem ti é vazia
E esperar que tu chegues é a minha devoção,
Devoção por desesperar
E alma a fraquejar,
Devoção por esperar
E ao meu trono irei chegar
Sem ninguém me desafiar,
O caminho em chamas valerá à pena
E à medida que piso este carvão incandescente,
Com memórias da tua pele pálida na minha pele morena,
Sonho que um dia poderei aproveitar o presente
Sem bradar aos céus para que os dias passem,
E aí estarei eu devoto pelos teus braços que me abraçem.

quarta-feira, novembro 07, 2012

Momentos de Fraqueza III: Versos de Cansaço

Parece que todos os dias morro um bocado
Numa aurora cuja melodia não soa tão desejada,
Por momentos respiro tranquilo na doçura do passado
Onde estivemos, mas logo perco-me outra vez na realidade...
Miserável no confronto com a face da verdade
Está longe a minha amada...
E o caos à minha volta é o cais em que a espero.
É o átrio em que desespero.

quinta-feira, novembro 01, 2012

Sofisticar e Confundir: Esses abutres...

Um olho no sonho
E outro na subsistência,
O sistema é medonho
A máquina a violência,
O espírito nos tortura
Dói-nos por dentro,
A lamentação já dura
Da periferia ao centro,
Todo a parte do ser
Arde com frustração,
Num planeta a morrer
Pela podre condição,
De viver assolado
Por falsas intenções,
Medidas de um Império amaldiçoado
Com sofisticadas confusões,
Sofisticadas e pomposas
Que simplesmente nos arruínam,
Com ordens grotescas e horrorosas,
Que na nossa inconsciência nos dominam
E na nossa miséria se alimentam,
Esses abutres com frases de encantar
Deixando-nos palavras que mesmo que não se entendam,
Homem algum jamais se atreveria a discordar!

domingo, outubro 28, 2012

Sofisticar e Confundir: E um mundo que não há de vir.

Eu estive deitado num solo
Tão intocado que era irreal,
A natureza levava-me no seu colo
A pureza era imensa e anormal,

Eu vi na água o meu reflexo
Julgava ser um metal extremamente polido,
Memórias de um planeta industrialmente complexo
Onde tudo o que é natural foi destruído,

A harmonia é artificial
Mas onde estou agora não,
Sem protocolos para preservar este lugar
E não fosse só a terra, reina a compaixão,

A capacidade de reflexão
A valorização não é lei,
A utopia, a perfeição
Ninguém manda e cada um é rei,

Nada está escrito
Não existem sistemas corruptos,
Tudo é pacífico, tudo é bonito
Sustentação natural, os sorrisos são absolutos

Não reconheci este planeta
A cobiça e a maldade morreram,
Nenhuma crise se enfrenta
Os felizes no que é imaterial nasceram,

Ali o céu, a terra e água eram vida
O mundo uma balança direita,
Todo o ser tem a dignidade merecida
Toda a criatura se respeita,

Enlouqueci na alegria de existir
Sem fantasmas para assassinar,
Só existem memórias de um mundo que vi diluir,
Na doença de tudo desejar
Sem objectivo...

Mas quando pensava ter atingido a acrópole da existência humana...
Acordei, tossindo com a poluição que habita nos meus pulmões...
Lacrimejei, perante uma realidade que me faz ver de maneira insana
Os sonhos como luxo aristocrático e o medo de não ter um futuro sem recordações...
De miséria, sofrimento que ainda estarei por conhecer
E tudo isso simplesmente para sobreviver...
E nesse futuro ao qual sem certeza chegarei
Será que os meus sonhos que construí desde criança alcançarei?
Resta colher a espada que com esperança na minha alma semeei
E com raiva e determinação a maldição de nascer neste planeta, eu destruirei.

terça-feira, outubro 23, 2012

Procurando o meu trono

Sinto o cheiro de um dia a findar
Floresce uma raiva pelo ciclo,
Percorro a obrigação do tamanho do mar
Oiço como comum, guardo como ridículo,

E a toda a hora só desejo o fim
Porque não suporto fazer o meu papel,
E quando termino, mesmo assim
Torturo-me com o próximo ritual no meu pincel,

E com este pincel lá corro o percurso
Chego ao fim, uma palmada nas costas, nada me satisfaz,
A loucura como fuga é o meu último recurso
Mas anseio esse trono que no horizonte jaz,

Mas é tão furiosa e voraz a solidão
Que perdido nos pesadelos da introspecção
Penso em quando estiver lá alto no meu trono
Só quero largar a espada nos encantos do sono
E ao acordar ter melodias para contemplar
Ter o teu ser para com paixão acarinhar
E não ter que me auto-iludir com sonhos que não tenho
Que mais não são os esforços típicos de rebanho
Para sobreviver...

E desde a infância que me repeti
Não serei escravo e me desiludi
Com a condição natural do meu ser
Que só quer ter um trono sem ter nenhum poder...

Às vezes soa mais deliciosa a ideia de não morrer, mas simplesmente cessar de existir.

domingo, outubro 14, 2012

O conto de um homem num parque de depressões

No éter dos olhos
O mais devastador dos incêndios
Que por mais que grite
Não derrete o gelo colossal
É a resistência de uma alma
Experiente à peste da nossa era
Que por não se alienar
Ou por alienar-se completamente
Não solta a enorme a fera
Que fugiria à miséria e ao desespero
Levando-o para um mundo de ilusões
Que com ira e ódio renega
Mas não encontra o sossego
Um homem triste que acordado
Se senta num banco de madeira velha
Corroído pelos vermes
Que são não mais que as vicissitudes
Mas adormecido se senta num alto trono
Que homem algum jamais desafiaria
Onde o mundo é belo e é brilhante
É o Imperador que nada comanda
A não ser o que mais deseja comandar
A sua vida...
É livre...
É feliz...
Num mundo de gente livre e de gente feliz
Onde compaixão é a palavra de ordem
Uma civilização antónima à que conhecemos
E podia simplesmente isolar-se deste mundo que não lhe encanta
Nem que isolação fosse sinónimo de chumbo no cérebro
De corda no pescoço
De veneno no sangue
Da graça da gravidade
Das profundezas de um rio
...
Tantas as opções...
Mas não...
Pela ética de um povo
Cada vez mais decadente
Não se comete ao luxo da ostracização
Será fraqueza de alma?
Ou será uma gota de esperança?
A opinião é inconstante
Mas neste mesmo instante
Em que o sorriso não se alcança
Perde-se neste parque de depressões
Subjugado a uma tortura de emoções
E só espera não perder o rumo
Neste atalho sem muita doçura
Onde questiona a sua loucura
Que já lhe pareceu mais distante
E qual a razão que o leva a não pedir o sono eterno?
Porque nas profundezas deste inferno
Há uma mão de anjo
Que aperta as suas com força
Que o faz apenas desejar
Que as mãos pelas quais ela o agarra
Não sejam cortadas fora
Que nunca se quebre o laço
Porque o triste homem é feliz
Só não sente a felicidade
Com a razão da sua vida...
Tão longe...

Cruzar este parque de depressões
Onde um grupo de hienas o rodeia
É doloroso e a mais triste das lições
E mesmo sofrendo com a mais agonizante cefaleia
Ele sabe que do outro lado estará o júbilo...
Olhará para trás e dirá... Valeu a pena...
Ou tal sorte ele espera... ele espera...

quinta-feira, outubro 11, 2012

Ser Humano

Vieram pôr um fim doloroso à vossa vida
Definhem até ao fim da vossa porca existência,
Cheia de impureza, pecado e jamais merecida
Pregam o vosso findar, espécie de parasitária essência,
Uma reflexão sobre a bondade, eternamente procrastinada
Erguem-se para sugar ópio, numa ilusão excrementícia,
Fecham os olhos, está tudo bem porque não vêm nada
Sentem a euforia do degredo, a mais cobiçada delícia,
A delícia dos corações podres, fraquejando perante a realidade,
A realidade de que está tudo mal, aprendam a ver
Endoideçam com a miséria, interesse não é confraternidade,
E se se perdem numa procura egocêntrica pelo simples prazer...
...talvez mereçam mesmo, mesmo sofrer...

És pessoa, tens o poder dentro de ti para te curar,
Até o descobrires o teu sorriso tem o tempo contado
A peste de te ignorares a ti mesmo vai de novo te atormentar,
Ouve a melodia do cristal dentro de ti, ou vives em pecado.

E não há Deus que te castigue por isso, só tu te podes fazer a auto-cirurgia.

Ser Humano... É ter nas mãos o livro mais divino... Que num segundo de reflexão nos faz ver uma miríade de capacidades... Oxalá todos as utilizássemos, talvez o mundo fosse perfeito, talvez a vida não cheirasse a maldição na maioria das minhas horas.

quinta-feira, outubro 04, 2012

Sol Invicto

Um purificador raio de luz
Uma carícia a tudo em que acredito,
O teu sorriso que me seduz
Com este poder nas mãos, eu sou um Sol Invicto;

Prospectos de vida, respiro fundo
O sonho não morre, mas nem sempre o tenho dito,
Ainda serei dono do meu mundo
Com este poder nas mãos, eu sou um Sol Invicto!

Um velho que contempla a sua sorte,
Jamais contempla a vindoura morte.