domingo, outubro 14, 2012

O conto de um homem num parque de depressões

No éter dos olhos
O mais devastador dos incêndios
Que por mais que grite
Não derrete o gelo colossal
É a resistência de uma alma
Experiente à peste da nossa era
Que por não se alienar
Ou por alienar-se completamente
Não solta a enorme a fera
Que fugiria à miséria e ao desespero
Levando-o para um mundo de ilusões
Que com ira e ódio renega
Mas não encontra o sossego
Um homem triste que acordado
Se senta num banco de madeira velha
Corroído pelos vermes
Que são não mais que as vicissitudes
Mas adormecido se senta num alto trono
Que homem algum jamais desafiaria
Onde o mundo é belo e é brilhante
É o Imperador que nada comanda
A não ser o que mais deseja comandar
A sua vida...
É livre...
É feliz...
Num mundo de gente livre e de gente feliz
Onde compaixão é a palavra de ordem
Uma civilização antónima à que conhecemos
E podia simplesmente isolar-se deste mundo que não lhe encanta
Nem que isolação fosse sinónimo de chumbo no cérebro
De corda no pescoço
De veneno no sangue
Da graça da gravidade
Das profundezas de um rio
...
Tantas as opções...
Mas não...
Pela ética de um povo
Cada vez mais decadente
Não se comete ao luxo da ostracização
Será fraqueza de alma?
Ou será uma gota de esperança?
A opinião é inconstante
Mas neste mesmo instante
Em que o sorriso não se alcança
Perde-se neste parque de depressões
Subjugado a uma tortura de emoções
E só espera não perder o rumo
Neste atalho sem muita doçura
Onde questiona a sua loucura
Que já lhe pareceu mais distante
E qual a razão que o leva a não pedir o sono eterno?
Porque nas profundezas deste inferno
Há uma mão de anjo
Que aperta as suas com força
Que o faz apenas desejar
Que as mãos pelas quais ela o agarra
Não sejam cortadas fora
Que nunca se quebre o laço
Porque o triste homem é feliz
Só não sente a felicidade
Com a razão da sua vida...
Tão longe...

Cruzar este parque de depressões
Onde um grupo de hienas o rodeia
É doloroso e a mais triste das lições
E mesmo sofrendo com a mais agonizante cefaleia
Ele sabe que do outro lado estará o júbilo...
Olhará para trás e dirá... Valeu a pena...
Ou tal sorte ele espera... ele espera...

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