domingo, outubro 28, 2012

Sofisticar e Confundir: E um mundo que não há de vir.

Eu estive deitado num solo
Tão intocado que era irreal,
A natureza levava-me no seu colo
A pureza era imensa e anormal,

Eu vi na água o meu reflexo
Julgava ser um metal extremamente polido,
Memórias de um planeta industrialmente complexo
Onde tudo o que é natural foi destruído,

A harmonia é artificial
Mas onde estou agora não,
Sem protocolos para preservar este lugar
E não fosse só a terra, reina a compaixão,

A capacidade de reflexão
A valorização não é lei,
A utopia, a perfeição
Ninguém manda e cada um é rei,

Nada está escrito
Não existem sistemas corruptos,
Tudo é pacífico, tudo é bonito
Sustentação natural, os sorrisos são absolutos

Não reconheci este planeta
A cobiça e a maldade morreram,
Nenhuma crise se enfrenta
Os felizes no que é imaterial nasceram,

Ali o céu, a terra e água eram vida
O mundo uma balança direita,
Todo o ser tem a dignidade merecida
Toda a criatura se respeita,

Enlouqueci na alegria de existir
Sem fantasmas para assassinar,
Só existem memórias de um mundo que vi diluir,
Na doença de tudo desejar
Sem objectivo...

Mas quando pensava ter atingido a acrópole da existência humana...
Acordei, tossindo com a poluição que habita nos meus pulmões...
Lacrimejei, perante uma realidade que me faz ver de maneira insana
Os sonhos como luxo aristocrático e o medo de não ter um futuro sem recordações...
De miséria, sofrimento que ainda estarei por conhecer
E tudo isso simplesmente para sobreviver...
E nesse futuro ao qual sem certeza chegarei
Será que os meus sonhos que construí desde criança alcançarei?
Resta colher a espada que com esperança na minha alma semeei
E com raiva e determinação a maldição de nascer neste planeta, eu destruirei.

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