terça-feira, abril 09, 2013

Química Complexa, Nenhum Valor

A maquinaria barulhenta, enoja e ensurdece,
Pinta invisivelmente austeras fronteiras
Distinguem num ridículo que permanece,
Dogma que abafado no estalar das caldeiras
Magnifica a diferença entre vassalo e suserano
Que na sua soberana e nobre sabedoria,
Olvida a sua reles condição de ser humano
Afogado em pútrida e desinteressada filosofia,
Que enaltece os excessos da civilização
Estruturando uma utopia a uma elite iluminada,
Deixando o homem besta à arbitrariedade da danação
Pois resmas de conhecimento não passam de côdeas
Ora por desinteresse ou estupidez não escavam o miolo,
A luz da superfície encandeia a origem hominídea
A mais presumível verdade causa desconsolo,
Respeito mútuo deve ser uma máxima
Verosimilmente nenhum de nós tem qualquer valor,
Não passamos de moléculas instáveis muito próximas
Que nos condenam a uma existência que para meu horror
Não nos permite qualquer dignificante escolha,
Pois já a complexa química que em nós circula
Condiciona a fruta que da árvore das decisões eu colha
Mas feudatários modernos em reflexão nula,
Insistem que é o ventre que me cagou neste mundo
Que determina o valor da minha existência
Quando cagados aqui todos fomos, isso é rotundo,
Nada devemos a ninguém, essa lei é uma ilusão
Imperialmente farta num divã de demência,
Uma exigência mascarada de solicitação
Fezes redigidas pela puta da civilização,
Que no seu exercício de puta suborna-nos para lavrar
No seu quintal de luxo que nada tem para nos dar,
Consideram o apogeu desta nauseante Era
O valor individual no qual se erguem imundas corporações,
As estradas são de macadame nos nossos corações
"Igualdade" é a canção que quanto mais repetida menos sincera,
Admitamos e marchemos ao som de um poderoso hino
O fim do "valor", essa mentira, que eu com raiva abomino!

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