segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Serena morte, temida morte

Nenhum homem pode desafiar
Este leito de despreocupação,
Onde o silêncio pode pousar
Onde não bate nenhum coração,
Lágrimas poderão ter caído
Mas olhos fechados não podem ver,
Ouvidos defuntos não escutam ruído
Numa poltrona deixado a apodrecer,
Não há santidade mais pura
Que a do cadáver tão morto,
Tão distante, tão absorto
Que a ideia me causa loucura,
Nesta vida que pouco dura
Admirando a serenidade do fim,
Temo de morte, a morte de mim.

Infantilmente sonho com a eternidade
Mas já o fiz também com a escravatura da cidade...
E desiludo-me com a inevitabilidade
De ser peça de uma engrenagem de lugubridade...
E uma carne que segue o tal caminho
No qual deambulo nunca sozinho
E talvez me doa mais perder
De quem dependo como se fosse ópio
Do que perder em insano sofrer
A mim... a mim próprio
Que em verdade só posso partir
Quando a saída desta floresta eu descobrir...

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