domingo, julho 15, 2012

O lento processo de desvalorização do poder

Estamos desorientados numa falsa noção
De que o amor pelo poder é tudo
Ser mais que os outros é a visão
Que contamina o nosso mundo
E conhecemos assim a nossa condenação
À miséria e ao tormento mais profundo
O ouro é um desejo inquestionável
A justificação morre com a sua solicitação
Simplesmente raro, simplesmente cobiçável
Todos querem morrer numa dourada ondulação
Uma maré de luxo, uma maré miserável
Uma maré dourada, uma maré de desolação
E vivemos sempre sob a mesma depressão
Sem consciencializar a inutilidade do que é material
Continuamos a comprar sem encontrar satisfação
Somos possuídos pelo que possuímos, dor abissal
E a propaganda hipnotiza-nos através da televisão
Tudo o que não precisamos ter, mas achamos essencial

E quando a revolta crescer e sentirmos evolução
E rasgarmos todo o papel mágico e vomitarmos o cobre cunhado
Formaremos a mais raivosa e louca união
A mudança toca as primeiras notas de um hino agoniado

Já percorremos um longo caminho de ódio e de dor
Já vimos o cataclismo e aqui estamos ninguém nos dirá como
Períodos de caos cíclico e agora auto-induzidos
Como se fossemos de espécies diferentes querendo estabelecer a diferença
Destruindo o mundo, destruindo a nós próprios
Conformismo para com compromissos com que nos amaldiçoam à nascença
Eu não nasci para pagar a dívida de uma nação nem ninguém
Todos nascemos para ser felizes e ninguém tem o poder de nos negar
Faltam uns passos para completarmos esta corda sobre o abismo
Larguemos o passado, deixemo-nos envolver pela nossa evolução

A cobiça morrerá com a delinquência, nascerá a humanidade
Demasiada bondade para dar valor ao que é material
Os frutos do mundo pertencem a toda a existência
Acabam os interesses, o coração humano arde tudo o que é mal
O amor e o respeito serão a nossa essência
Venceremos o nunca visto, o rei lagarto celestial

O império reduz-se a pó... O lugar mais próximo da utopia que alguma vez conheceremos...

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