sexta-feira, janeiro 04, 2013

Tempo

O tempo navega sem conhecer obstáculos
Ignorando quem traz e quem leva
Sem emoção assiste a todos os espectáculos
Da vida que insignificância conserva
Quando o ser se entrega à sinceridade
E reflexiona o valor da sua existência
Reflexiona-se a si mesmo num espelho de opacidade
Que reflecte nada mais que a demência
Daqueles que vêm o seu caminho perder o pavimento
E descalços lá caminham num chão rude
Num lento e desinteressado movimento
Sem esperança que a vida algum dia mude
Até encontrarem um astro cujas mãos
Peguem no cristal danificado do seu peito
E consiga o polir deixando os insanos sãos
Para que possam provar uma realidade sem defeito
Para que o mundo de sonho não permaneça sonho
E ceifem a mágoa sem que a ideia do tempo os fira
Pois ele caminha cego e surdo num medo que eu disponho
Perdido e temendo a morte que nos tem na sua mira
E se só não sinto a toda hora o suspirar da sua indiferença
É porque tenho o escudo do meu astro
E se por vezes temo a minha natural sentença
É porque no sentimento da saudade me arrasto...
Me arrasto...
Me arrasto...
Como o tempo se arrasta de sepulcro a sepulcro...

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