Ar
A inalação é contínua
É um aroma, um sabor....
Que faz com que a sensação de satisfação
Não passe de mera ilusão
Ah! Delicioso ar!
A razão do meu respirar
Quer esteja envenenado, quer não
Não interessa... Consigo suportar...
As narinas doem-me
Mas não quero saber...
Vou corta-las!
E mandar toda a cartilagem que compõe o meu nariz, fora!
Ajoelho-me violentamente
Fechando os meus punhos com fúria
Inspiro com todas as minhas forças
Até sangrar das minhas órbitas nasais
A fome é tão grande...
E dolorosamente insaciável
Mas continuo a oferecer à hemoglobina do meu sangue
Este exótico fruto inacreditável
Este é aquele tipo de paixão
Em que o que desejo
Entrega-se a mim
Sem retaliar
É uma paixão tão forte
Que aniquilarei este mundo
Porque também te deseja e de ti depende
E eu sou um egoísta, um egoísta apaixonado... esfomeado...
Roubarei a tua preciosa disposição de toda a gente
Ninguém te dá tanto valor quanto eu
E assim sendo
Mais ninguém te merece...
Seria capaz de procurar
Neste vasto universo
Num épico momento de adrenalina
A tua fonte, a tua mãe...
E a contemplaria por tão gloriosa criação
E iria escarrar nela...
O mais nojento muco que conseguisse acumular
E iria chorar, e afoga-la nas minhas lágrimas de água oxigenada
Iria insulta-la tão rudemente!
Porque criou algo tão insuportavelmente delicioso....
Da qual sou dependente, mas não quero mais ser...
E afogar-me-ei eu também...
Para quebrar esta aparentemente eterna aliança que nos une...
Cheguei a uma conclusão...
Não suporto o que mais desejo...
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